Pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira (28) aponta Dilma Rousseff (PT) com 57% dos votos válidos e José Serra (PSDB) com 43% na disputa em segundo turno pela Presidência da República.
Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, Dilma pode ter entre 55% e 59%, e Serra, entre 41% e 45%. O critério de votos válidos exclui as intenções de voto em branco e nulo e os indecisos.
Na pesquisa anterior do Ibope, divulgada no último dia 20, Dilma aparecia com 56% dos votos válidos e Serra com 44%.
O Ibope entrevistou 3.010 eleitores, de 26 a 28 de outubro. A pesquisa foi encomendada ao instituto pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número de protocolo 37596/2010.
Pelo critério de votos totais (que incluem no cálculo brancos, nulos e indecisos), Dilma Rousseff soma 52% das intenções de voto, e José Serra, 39%. As intenções de voto em branco ou nulo acumulam 5%, segundo o Ibope. Os eleitores indecisos são 4%.
Nos votos totais da pesquisa anterior do Ibope, do último dia 20, Dilma tinha 51%, e Serra, 40%. Brancos e nulos eram 5%, e indecisos, 4%.
As informações são do G1
25 de out. de 2010
Livros e Ideias
'As palavras insistem em pular pelo meu corpo. Ficam impregnadas nos ouvidos, deixam cheiro forte nas narinas, ardem dentro das artérias'
Primeira página de Ulisses
Pode até soar estranho eu, uma estudante de Estudos Literários, admitindo isso aqui: morro de medo de literatura. Sim, literatura assusta. E me assusta um pouco além do seu potencial-assustador porque eu definitivamente não faço parte daquelas pessoas que terminam de ler, fecham seus devidos livros e conseguem uma boa noite de sono. Muito pelo contrário, livro pra mim é cafeína na veia, quando levado pra cama, adeus, querido sono. As palavras insistem em pular pelo meu corpo. Ficam impregnadas nos ouvidos, deixam cheiro forte nas narinas, ardem dentro das artérias.
O fato é que literatura dá um medo gigante. Digo isso por um motivo. Estou lendo Ulisses, de James Joyce. Um dos livros mais conhecidos a aclamados da literatura moderna, mas que pouca gente leu. Segundo meu professor de Teoria Literária, Henrique Ávila, um senhor simpático que já deve caminhar pela casa dos 80, as pessoas mais falam de Ulisses do que realmente o leem. E é, acho que isso é verdade, porque cá estou, falando de um livro que me encontro na página 16. Dezesseis.
Como falar de um livro do qual se leu até a página 16? Obviamente isso é tarefa impossível. A questão é que não tenho pretensões de falar do enredo, estruturas narrativas, diegese, discurso e tudo mais. Quero falar de uma coisa simples: a literatura forçada.
Está pra existir uma coisa nesse mundo mais ridícula do que a literatura que é empurrada goela a baixo. Não gosto. Nunca gostei. Quando estava no colegial, invertia a ordem dos livros lidos só para não ler quando o professor pedia. Então quando ele pedia Eça de Queirós, eu lia Machado de Assis. E quando ele pedia Machado de Assis... bem, eu não lia Eça de Queirós, porque eu não gosto, nem nunca gostei. Mas essa é a lógica.
Voltando ao Ulisses... Preciso lê-lo. E o verbo precisar se refere a duas coisas: preciso lê-lo porque é um livro importantíssimo e um marco na literatura universal (e também porque dizem que todo escritor deve ler, e como quero ser escritora, também pretendo passar 16 de junho de 1904 em Dublin — que é quando e onde acontece a ação de Ulisses) e preciso lê-lo porque me foi mandado. Exatamente. Mandado. Acho tão engraçado você ser obrigada a ler um livro de exatamente 852 páginas, de James Joyce, um dos maiores gênios da literatura de todos os tempos. Não faz sentido na minha cabeça. Acho sempre que a leitura deveria ser sugerida e não imposta. Mesmo porque enquadrar um épico moderno desse tamanho (nos dois sentidos da palavra) dentro de moldes da narrativa literária, em que pouco se tem controle e profundidade em um curso de graduação em Letras, é uma tarefa um tanto quanto... equivocada.
Eu tenho medo de James Joyce. Eu tenho medo de Ulisses. Tenho medo porque não conheço, mas — principalmente — porque ainda não me acho preparada para conhecer. Queria poder passear pelos clássicos dentro do meu tempo. Ulisses não pode crescer em mim enquanto eu ainda não puder receber Ulisses nua de limitações. E tenho a impressão de que se os professores do nosso país tivessem isso em mente, teríamos um Brasil de mais leitores.
Fonte: Layse Morais, Capitu - Literatura e Cultura, 18/07/2010.
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