30 de dez. de 2008

2008: Tudo que era sólido se desmanchou no ar

Escrito por Valéria Nader
22-Dez-2008

O ano de 2008 será encerrado com estatísticas ainda favoráveis de crescimento e salários, emprego e inflação - configurando um ‘círculo virtuoso’ que vem desde 2004, passado o susto da burguesia nacional e internacional com a eleição de um ex-operário para a presidência e, muito especialmente, aproveitando-se de uma maré internacional de grande liquidez e crescimento.

Mas, ao contrário dos 4 anos anteriores, e rompendo um circuito de pungente, ainda que traiçoeiro, ufanismo, esses bons números não serão festejados pela população nesse final de 2008. Mais que saudades, trazem embutido forte sentimento de dúvida, apreensão, estupefação, na medida em que já se faz clara uma conjuntura extremamente adversa em 2009, notadamente para as classes populares.

A crise financeira, que desde 2007 anunciava uma explosão, irrompeu com intensidade em setembro nas economias centrais e, como um raio, atingiu as economias emergentes – aquelas que no começo do ano compunham a tão esbanjada teoria do descolamento confeccionada pelos analistas de mercado. Foi assim que se encerrou precocemente, em setembro, o ano de 2008 no até então ‘paraíso tropical brasileiro’.

Não é mais admissível, para qualquer estudioso sério, negar a severidade da crise. Os noticiários recheiam-se a cada dia mais de novos dados de demissões de trabalhadores, evidenciando que a crise financeira já atingiu cabalmente a economia real em todo o mundo.

Nem mesmo é possível acreditar em uma reedição ingênua, para dizer o mínimo, de políticas keynesianas pra reverter essa conjuntura, em face da complexa teia de relações comerciais e produtivas que unifica o atual sistema capitalista, com controle absoluto do Estado pelos grandes conglomerados internacionais, impondo dificuldades quase intransponíveis para efetivas soluções nacionais. As dificuldades que o Banco Central tem encontrado em controlar a escalada do dólar, mesmo com a zeragem da dívida externa - tão festejada pelos condutores da política econômica -, não deixam dúvidas sobre o grau de controle exercido por estes conglomerados, associados, obviamente, a uma enfraquecida burguesia nacional. Apostam todas essas frações do capital, nacional e internacional, contra o real, abrindo a possibilidade de um novo ataque especulativo.

Para o economista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Nildo Ouriques, presidente do IELA – Instituto de Estudos Latino-Americanos, a "saída do buraco" passa bem longe da elite, devendo ser conduzida pelo povo. Para Ouriques, naufragou uma forma conciliatória de fazer política, que é a da acomodação. Porém, "esse quadro só se elucidará de maneira plena na hora em que o governo começar a passar muito efetivamente os custos da crise para a grande maioria do povo, poupando os ricos, como já estão fazendo e ainda vão aprofundar".

Correio da Cidadania: A crise atual da economia americana tem colocado os estudiosos diante do seguinte dilema: o capitalismo vive uma crise estrutural profunda? Qual o teor e profundidade dessa crise a seu ver, especialmente quando sabemos que os ativos financeiros são cerca de quatro vezes superiores ao PIB mundial na atualidade?

Nildo Ouriques: Bem, não se trata apenas dos ativos financeiros. É uma crise estrutural do capitalismo, que não existiria somente para os desavisados. Importantes analistas estadunidenses publicaram livros, artigos, todos os meses, dando conta do tremendo buraco e das imensas dificuldades da economia local. E mais, ela não só foi prevista por analistas como agora o presidente Bush reconhece que existe uma recessão.

Quero dizer muito claramente que estamos abrindo as portas a uma grande depressão, o que é bem mais grave. Vai apertar o orçamento dos EUA, fortemente o da Europa, o do Japão, que já estava problemático há tempos e vem se arrastando há duas décadas. E ao contrário do otimismo reinante no Brasil, o país está à beira de um grande colapso, que se dará mais cedo que tarde. É uma situação gravíssima, marcada por algumas características.

Primeiramente, uma queda acentuada de preços do conjunto das mercadorias, o que é uma característica fundamental das grandes crises. Há uma desvalorização acentuada de todas elas, do petróleo à soja, passando pelo minério de ferro; e vão despencar ainda mais.

O segundo aspecto não é a quebradeira imensa de bancos, que fez instituições sagradas do capitalismo serem incorporadas pelo Estado. Quero chamar a atenção, sobretudo, para o grau de endividamento das empresas e das famílias nos municípios e estados americanos: é gigantesco. Não existe bolha especulativa ou expansão ilimitada do crédito como forma de enfrentar uma grande recessão como essa, que já se anunciava desde 19992/93, em 1997 e muito acentuadamente em 2001/02, e sem um grau de endividamento tão gigantesco. Tanto é que GM, Chrysler e Ford, grandes empresas, sucumbiram, estão praticamente quebradas, e agora solicitam que os EUA coloquem 35 bilhões de dólares para salvá-las.

E o terceiro aspecto é que a elite capitalista utilizou o instrumento sagrado que possui, o Estado, para incorporar todo o esforço. A conseqüência é que levaram a crise para o interior do Estado. Como resolver? Aumentar impostos não dá, pois vem aí uma recessão enorme. Jogar a dívida para frente? Também não, pois vão se queimar riquezas, concentrar capitais, destruir empregos, enfim, vão passar o custo à sociedade.

Estamos entrando no processo de depressão mundial mais sério desde 1929, de forma ainda mais grave e com uma repartição muito mais desigual dos custos da crise entre o centro e a periferia.

CC: Vários economistas têm advogado pelas políticas de caráter keynesiano, com reforço da regulação e dos gastos públicos como forma de reordenar a economia mundial. Ao mesmo tempo, alguns outros estudiosos são pessimistas quanto a soluções "nacionais" para a crise global nos marcos do atual sistema capitalista mundial, em face da complexa teia de relações comerciais e produtivas que unifica esse sistema, com controle absoluto do Estado pelos grandes conglomerados internacionais. Você parece também não acreditar em uma ação reguladora mundial que possa recolocar a ordem econômica.

NO: Primeiro que não está havendo ação reguladora nenhuma. Está ocorrendo a transferência de vultosos recursos públicos para os grandes conglomerados. Não vi nenhuma medida regulando os bancos.

CC: Ou seja, é o Estado correndo atrás do mercado, não o contrário.

NO: Exato. Estão reforçando a idéia de que é possível salvar aquela modalidade desenfreada de capitalismo travestida de intervenção keynesiana, que alguém, com muito mais autoridade econômica que eu, chamou de keynesianismo bastardo.

É preciso dizer que os trabalhadores estavam muito organizados nos EUA até 1925, 26. Até 1934, as greves foram muito intensas e os comunistas e anarquistas tinham um peso fundamental nos sindicatos. Este contexto obrigou a elite estadunidense a ceder os anéis para não perder os dedos. Foi isso que caracterizou o keynesianismo. E havia ainda a alternativa do socialismo. Hoje nenhuma das duas coisas existe. Por um lado, o grau de sindicalização é muito baixo nos EUA e uma alternativa sistêmica global não existe.

Existe somente o nacionalismo revolucionário da América Latina, que tem se revelado a única alternativa que realmente consegue organizar-se em relação à periferia da África, Ásia, países islâmicos. Mesmo assim, uma alternativa embrionária.

O que vemos agora é uma tentativa desesperada e clássica de os grandes monopólios salvarem o sistema através da intervenção do Estado, o que não me causa nenhuma surpresa. Eu nunca acreditei que o capitalismo era incompatível com o Estado, pelo contrário, só é capitalismo quando se encontra totalmente ligado ao Estado, que por sua vez é de classes. É o que a atual crise afirma de maneira categórica.

Porém, não tenho dúvida de que nenhuma das medidas conseguirá no curto e médio prazo tirar o capitalismo da crise. O que viveremos agora é exatamente o enfrentamento com o sistema. As forças das classes subalternas começarão novamente a checar a viabilidade do sistema.

A enorme crise fez com que se perdesse completamente aquilo que chamavam generosamente, e de forma mística também, de mercado - e de um modo fetichista. Não existe isso, os mercados acabaram há muito tempo. Os capitalistas são anti-mercado por natureza, querem o monopólio e controle completo sobre o Estado.

Toda a ideologia dessa gente efetivamente caiu por terra, desapareceu, o que é a grande questão.

CC: Mas, de qualquer forma – e sob as condições que estão dadas hoje e pensando ainda no âmbito mundial -, sob pena de um colapso estrondoso do sistema monetário internacional, essas medidas que têm sido adotadas em todo o mundo não têm alguma lógica, seriam absolutamente ineficazes ou inoportunas?

NO: Eu acho que tudo tem uma lógica, esses enormes recursos dos Estados sendo usados em operações de salvamento do capital. Primeiramente, ocorreu uma desvalorização de todos os preços e ações, mostrando o estrago do capital fictício. Tal caráter do capital em algum momento se encontra com o seu preço real.

De qualquer forma, aqueles que se beneficiaram são exatamente aqueles que têm muito poder político, controlam totalmente o Estado, instância de onde partem medidas destinadas a salvar seus ativos, sejam produtivos ou financeiros.

Em segundo lugar, reforçam ainda mais seu poder político com vistas a acumularem mais riquezas no médio e longo prazo. As medidas são destinadas a esses dois objetivos e, apenas de maneira eventual e aleatória, defendem o emprego ou a poupança da maioria da população. Esse objetivo se coloca se for possível, mas não está no horizonte.

Não me surpreende que assim seja enquanto estiver no controle o sistema capitalista, enquanto as classes subalternas não tiverem poder político autônomo. Por outro lado, também não tenho crença alguma de que no curto prazo as medidas surtirão efeito. Teremos uma grande depressão, com altíssimos níveis de desemprego, o funcionalismo público ficará com o salário arrochado, o investimento vai baixar violentamente, a precarização do trabalho vai piorar – isso num país que tem dois terços de sua força de trabalho sem carteira assinada – e a concentração de renda crescerá.

O Brasil ficará mais desigual do que já é, jogando por terra o otimismo do governo federal. As medidas não serão eficazes para tirar os países periféricos da crise e tampouco têm possibilidades de levantar o sistema de maneira global. Os pacotes que Obama lança quase toda semana são incapazes de reimpulsionar a economia capitalista para uma rota de crescimento, ainda que lenta, e sem sequer pensar nas taxas chinesas.

A idéia de que os Brics poderiam constituir uma alavanca para o sistema é uma idéia pra lá de ingênua. Uma ideologia incapaz de sustentar um sistema, pois esses países são periféricos. Dizem que a China é a grande saída capitalista. A saída terá de vir dos EUA, o centro da crise.

CC: Ou seja, não há uma crise da hegemonia americana. Pelo contrário, pode até haver um reforço do mecanismo de controle e exploração sobre os emergentes.

NO: Não, a hegemonia norte-americana é gigante. A grande questão é saber se essa crise aprofunda sua debilidade ou se os EUA conseguem recuperar o poder que vinham perdendo inexoravelmente. E tenho convicção de que não serão capazes de recuperar o poder, gerando uma grande divisão na sociedade local.

Já existem 44 milhões de pessoas sem plano de saúde, o desemprego crescerá violentamente. As notícias mostram que as companhias estão quebrando e, para se proteger, demitem. Isso impede uma maior coesão social e dificulta a ação do país em recuperar a hegemonia.

CC: Mas está despontando no horizonte algum outro pólo hegemônico?

NO: A China é um candidato, assim como a Europa. A América Latina também, dentro de uma proposta integrada de ruptura com a ordem global, na linha que Chávez, Correa e Morales colocam há muito tempo, que eu chamo de nacionalismo revolucionário. Dessa forma, teríamos uma possibilidade de influenciar nas decisões. Fora disso, não há nenhuma possibilidade, através de G-20, G-44, G-76, de que os países da periferia sejam ouvidos. Isso só serve para jornais, diplomatas irresponsáveis, mas não há capacidade de decisão e poder político. Tais atribuições ficam reservadas aos que detêm efetivamente o poder militar, econômico e influência cultural.

O Brasil só poderia influenciar se de fato estivesse unido no continente, jogando no processo de integração política, econômica e cultural no âmbito regional, apoiando uma política de, digamos, ceder poder para ganhar em soberania na América Latina. Ceder poder ao Equador, Bolívia, Argentina, Paraguai, Venezuela, fortalecer a Unasul, criar o Banco do Sul, eliminar essa elite brasileira que não se opõe e nem viabiliza a integração latino-americana. E tudo dentro de um bloco único, fortalecido, com moeda e banco únicos, com ações da PDVSA, da Petrobras, da Petroecuador, para juntos avançarmos nas áreas da química, da ciência, tecnologia etc., e assim levantarmos o continente.

Seríamos protagonistas, a despeito de haver ou não um novo Bretton Woods, que não haverá e pelo qual ninguém está chamando. Os EUA não querem chamar um novo acordo em tais termos, porque assim teriam de dividir o poder. Nós teríamos de levantar a América Latina para impor ao mundo uma nova correlação de forças e, a partir dela, discutir melhores condições para os pólos da periferia.

CC: Pode-se inferir, de sua análise até aqui, que os bons indicadores econômicos de crescimento, rendimento, emprego e inflação do Brasil em 2007, e até o terceiro trimestre de 2008, já viraram peças do passado, não? A crise financeira já resvalou para a economia real.

NO: Esse cenário já evaporou, não tem mais a menor consistência. Eu entendo que o ministro seja otimista, afinal, quer garantir o emprego dele, mas é uma atitude absolutamente irresponsável.

As empresas brasileiras estão altamente endividadas, apostaram em especulação cambial, perderam no mínimo 60, 70 bilhões de dólares e precisam resgatar suas dívidas entre seis meses e um ano. Essa abertura da conta de capitais, que permite aos empresários exportadores deixarem o dinheiro lá fora por até 180 dias, quando antes eram 360, transformou o capital produtivo exportador em especulador, como os bancos. E essa gente não tem crédito no exterior, pois este está muito caro.

Por outro lado, o BNDES e o governo estão fechados e não pretendem ser um cemitério de empresas. Portanto, os empresários vão fazer um ataque especulativo contra a moeda para pegarem aqueles 200 bilhões de reservas, que podem desaparecer num espaço de 18, 20 dias, não tenho a menor dúvida - desapareceram 70 bilhões em apenas uma semana.

As reservas são baixas e incapazes de enfrentar o ataque especulativo, um recurso que os empresários usarão. E ainda colocarão o Brasil na linha de um novo processo de endividamento estatal sob monitoramento do FMI. É o que está sendo preparado. O ataque especulativo está na ordem do dia. As medidas para controlar câmbio, fechar a conta de capitais etc. são absolutamente tímidas. Não existem!

CC: Quer dizer, nossa blindagem econômica à crise é mesmo de papel crepom, como ressalta o economista Reinaldo Gonçalves? Mesmo sabendo que os capitais especulativos, voltados a aplicações de curto prazo, representam hoje uma proporção significativa de nosso passivo externo – aumentando as chances desse ataque especulativo -, os 200 bilhões de dólares em reservas externas não são um bom colchão, diante de uma dívida externa que não mais estaria dolarizada?

NO: Não estamos absolutamente blindados à crise. Assisti a uma conferência do Reinaldo e é muito clara a análise dele. E esse dado da falta de cobertura das empresas – o Reinaldo não tocou no ponto, mas tenho certeza de que aceitaria tal hipótese – vai forçar a burguesia brasileira a trair a nação e perpetrar um ataque especulativo.

Essa desvalorização do real, de 53%, se deve àquela sobrevalorização cambial acumulada. Agora vem outra que é para cobrir as despesas. A burguesia e o empresariado brasileiro têm a nação apenas como mercadoria para traficar no mercado mundial. Eles não vão vacilar em impor a todos nós um processo ainda mais terrível.

CC: Nós já estamos sob um ataque especulativo?

NO: Ainda não. Já estamos num processo acentuado de desvalorização cambial, mas iremos sofrer esse ataque contra a moeda, destinado a endividar o país e a passar o prejuízo para a grande maioria da população através de uma política de austeridade completa, com cortes significativos em saúde, segurança, educação, ciência e tecnologia, cultura etc. Por fim, vão colocar o orçamento exclusivamente a serviço do pagamento da dívida interna e das novas obrigações do endividamento externo, que nessas circunstâncias inexoravelmente voltará.

CC: O governo brasileiro tem tomado várias medidas pra lidar com a crise: desde as liberações de compulsórios pelo BC, operações de swap cambial, venda de dólares no mercado à vista e isenção de IOF – Imposto sobre Operações Financeiras - sobre investimentos estrangeiros diversos no Brasil, até medidas como a MP 443, através da qual o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal podem comprar ações de instituições financeiras, e o socorro do BNDES a empresas em dificuldades E vem aí mais um pacote de medidas fiscais, creditícias e ligadas ao setor de habitação e infra-estrutura, para estimular a economia em 2009. Essas medidas não terão alguma eficácia para minorar os impactos da crise internacional na economia interna?

NO: O problema é que nenhuma dessas medidas é destinada a controlar o câmbio. Nenhuma. E por que está proibido esse caminho? Na Europa e nos EUA, estão estatizando bancos. Por que aqui não estão fazendo o mesmo?

CC: Nesse sentido, todas essas serão medidas inócuas?

NO: São absolutamente insuficientes, estão perdendo tempo e está se constituindo uma grande irresponsabilidade do governo. Uma irresponsabilidade que tem lógica.

Não quero aqui fazer uma leitura liberal. O capital produtivo exportador, os banqueiros e o latifúndio estão ganhando dinheiro com tal política, e isso é o fundamental. Completamente dentro da lógica do modelo.

CC: Muito se tem insistido na reabertura da rodada de Doha como forma de dar um alento aos emergentes em meio à crise – o que, no caso do Brasil, representaria, dentre outros, a possibilidade de reforçar a exportação de biocombustíveis. Aqui também não estaríamos somente carimbando esse modelo, reforçando a ‘reprimarização’ de nossos padrões de comércio?

NO: Essa defesa também vai por água abaixo, pois o fato concreto é que todas as mercadorias estão se desvalorizando. O biodiesel não será uma alternativa para o Brasil. Além do mais, o Brasil não é um país emergente. É um país subdesenvolvido e dependente. Quanto à reprimarização, ela tem sido realmente a tendência dominante.

CC: Você mencionou acima o ‘nacionalismo revolucionário na América Latina’ como uma alternativa de resistência à crise. Em nosso país especificamente, como a crise encontra as forças políticas de esquerda, em termos de sua organização e possibilidade para, no mínimo, construir uma plataforma de medidas destinadas a defender as camadas mais pobres dos efeitos da crise?

NO: É preciso compreender historicamente a situação. O Lula foi a expressão de 30 anos de luta popular. E, precisamente nos últimos seis anos, ele queimou sua credibilidade. A população, claro, é muito mal informada, vide a aferida popularidade do presidente. E, como alternativa, ela olha o tucanato; e a tucanagem foi terrível...

Mas, como diz Marx, não podemos ser liberais às custas da idade média, ou seja, ameaçar o povo com a volta da tucanagem para garantir ao petismo mais mil anos de vida. O que a crise fará é queimar as duas modalidades de administração da mesma crise: os tucanos de um lado, os petistas de outro. Essa aliança ‘PTucana’ se queimará rapidamente.

Veremos emergir uma nova classe política, e claro que ela nascerá de tais contradições. A atitude do governador Requião, no Paraná, de fazer um seminário gigantesco é a iniciativa de um governador do PMDB que teve a lucidez e a clareza de enfrentar essa gravíssima situação da economia, chamando todos para uma alternativa política e econômica. Veja que são luzes dentro do terrível túnel que atravessamos.

Além disso, o sindicalismo brasileiro precisa perder o caráter abobado que adquiriu e recuperar sua lucidez, o que significa entender que o sindicato não pode depender de governo, ministro do trabalho etc., mas sim de seu ativismo político. Até porque enfrentará um gigantesco ataque ao emprego e vai ter que aprender uma lição exemplar, pois esqueceu que o fundamental das conquistas dos trabalhadores não vem por dádivas do governo, mas sim pelas lutas políticas e conquistas históricas dos trabalhadores.

E o sindicalismo brasileiro, que não é nenhuma maravilha – baseado naquele sindicalismo do ABC que deu no Lula –, terá de avançar em seu caráter de classe, compreendendo que seu projeto deve ser o socialismo.

CC: E você acredita que a atual crise abre realmente tal perspectiva?

NO: Já abriu, isso está em questão por todo lado.

CC: Se a economia brasileira, na fase de bonança internacional, tivesse sido conduzida por um outro projeto de país, por um outro modelo econômico, ou pelo menos por medidas mais rígidas no controle do capital especulativo, sofreríamos menos com essa crise?

NO: Não tenho dúvidas que sim. Observem o que o presidente Chávez fez. Estatizou, controlou bancos, impediu fuga de capitais, reforçou o poderio da nação, recuperou o petróleo. De certo modo sofrerá muito menos. Assim como Evo Morales e Rafael Correa, que até está fazendo uma auditoria da dívida.

Qual o fator que fará esses países sofrerem menos? Não é somente por causa da política econômica. Mas também porque a burguesia desses países é mais ética que a burguesia brasileira. A burguesia brasileira conspira contra a nação, eis a questão.

Mas não adianta especularmos sobre o passado, a grande questão é o futuro. E o futuro diz que vamos sair desse buraco pelas mãos do povo, não pelas mãos da elite, nem por meio desses acordos e, sobretudo, por essas formas de se fazer política.

Naufragou uma forma de fazer política, que é a da acomodação, da conciliação. Porém, esse quadro só se elucidará de maneira plena na hora em que o governo começar a passar muito efetivamente os custos da crise para a grande maioria do povo, poupando os ricos, como já estão fazendo e ainda vão aprofundar.

CC: Considerando essas opções políticas e condições que são dadas nacionalmente, você acredita que se o governo conseguisse enfrentar essa crise ancorando-se mais no mercado interno, mesmo diante de nosso alto coeficiente de importações, a população poderia ser mais poupada?

NO: Eu diria que não é esse o problema. Não acho que esse projeto seja possível e, para que fosse realizado, teria de ser revisto um pacto de poder que não estão dispostos a rever.

O Brasil é governado pelas multinacionais, capital produtivo exportador, latifúndio, sistema bancário, sendo apoiado pelos fundos de pensão. Desfazer esse pacto, montado em 94, seria a grande conquista da crise. E não creio que o governo Lula irá fazê-lo.

As pessoas precisam quebrar a relação sentimental que têm com o governo Lula. É preciso quebrar a relação mítica que o Lula, ainda como ex-líder operário dos trabalhadores, exerce sobre a cabeça de muita gente boa. Não tem que olhar se é o Lula, o Mantega; interessa é que todas as medidas são anti-populares.

CC: Toda essa lógica perversa por você ressaltada terá ainda que se aprofundar para que resulte na compreensão da população e em uma conseqüente reação social?

NO: Não acho que seria necessário. O que temos já é suficiente. Mas claro que um aprofundamento tornará tudo ainda mais evidente. Para aqueles que acham que o petismo, o lulismo, o cutismo são o horizonte da luta social brasileira, não são. Trata-se de uma limitação que devemos superar rapidamente.

Precisamos não só discutir a crise, mas articular um projeto nacional popular, pois minha convicção fica dentro de um nacionalismo revolucionário. A grande tarefa é ampliar esse processo para o socialismo. Aquilo que o presidente Chávez chama de Socialismo do Século 21, o Evo Morales de Revolução Democrática e Cultural e o Rafael Correa de Revolução Cidadã.

Nacionalismo revolucionário e socialismo. Essa será a grande pauta a partir de agora.

Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.

Colaborou o jornalista Gabriel Brito.

Fonte: www.correiodacidadania.com.br

29 de dez. de 2008

2009 está chegando...

Amig@s,

Mais um ano que vai embora. É inevitável que façamos um balanço do que aconteceu em nossas vidas nesses 365 dias que encerram no dia 31. Posso dizer que o ano termina de forma positiva para mim, apesar de tudo o que aconteceu em boa parte dele. Fiquei mais forte, apto a enfrentar situações que nunca antes havia imaginado que pudessem acontecer. Aprendi muita coisa com as fatalidades que eu ajudei a construir. Aprendi a olhar melhor as pessoas, ouví-las e perceber com mais rapidez o que se passa com elas e de que forma posso interagir para ajudá-las quando necessário. Aprendi também que, em muitos momentos, nada há para fazer, apenas ficar perto e disponível para atender quando o botão de help acende...
Cica que bom ter conhecido você.

Feliz 2009 para todos!

23 de dez. de 2008

Natal, singelos propósitos

Frei Betto *

Neste Natal, guardarei em caixas bem fechadas o que me transmuta naquele que não sou: a inveja, o ciúme, a sede de vingança, e todos os ressentimentos que me corroem as vísceras. Lacradas as caixas, atirarei todas nas profundezas do mar do olvido.

Neste Natal, esvaziarei o escaninho de minhas torpes intenções; as gavetas de tantas vãs ilusões; os armários de compulsivas ambições. De pés descalços, trilharei a senda saudável de uma existência modesta, por vezes solitária, sempre solidária.
Não darei ouvidos ao crocitar dos corvos em minhas janelas, nem ficarei indiferente às aquarelas pinceladas pela dor alheia, e manterei vedada a chaminé à entrada consumista de Papai Noel.

Tecerei, com as agulhas do acalanto e os fios invisíveis do mistério, o tapete promissor dos sonhos que me fomentam o entusiasmo. Recolherei as bandeiras da altivez militante e, numa caneca de barro, derramarei singelos propósitos: refrear a língua de maldizer outrem; reconhecer as próprias fraquezas; exercer a difícil arte de perdoar. Sorverei de um só gole até inebriar-me de compaixão.

Armarei, na varanda de casa, uma árvore de Natal cujo tronco será da mesma madeira que os princípios que me norteiam os passos; os galhos, as sedutoras vias às quais ousei dizer não; as flores, a paz colhida ao enclausurar-me no silêncio interior; os frutos, essa esperança-lagarta que insiste em metamorfosear-se em utopia sobrevoando o pessimismo que me assalta.

Aos pés de minha árvore deixarei vazios os sapatos de minhas erráticas peregrinações ao mundo inconsútil dos apegos que me sonegam o que a vida melhor oferece: a experiência amorosa de transcendê-la. Ao lado, minha lista de pedidos: a leveza imponderável da meditação; o dom de respeitar o limite das palavras; a felicidade de saciar-me na brevidade dos meus dias.

Neste Natal, montarei no canto da sala o presépio de minhas inquietudes. No lugar de franciscanos animais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos; como são José, um árabe fiel ao Alcorão; Maria, uma jovem judia semelhante a de Nazaré; Jesus, a criança africana carcomida pela fome.

Tragam os reis magos três oferendas: o ramo de oliveira preso ao bico da pomba que anunciou a Noé o fim do dilúvio; a brisa suave que soprou sobre Elias; o pão repartido na estalagem de Emaús.

Não celebrarei liturgias solenes em dissonância com o Glória cantado pelos anjos do presépio; não me fartarei em ceias pantagruélicas enquanto o Menino se abriga ao relento num cocho; nem darei presentes que me doem no bolso e no coração, embalados em falsos sentimentos.

Sim, me farei presente lá onde a família de sem-teto, escorraçada de Belém, ocupa um pedaço de terra nas cercanias da cidade para que do ventre de Maria brote a certeza de que a justiça haverá de brilhar como a estrela de Davi.

Neste Natal, serei todo orações, dançarei ao som das cítaras do reino de Salomão, sairei pelas ruas cantarolando salmos, despirei todos os adereços de neve e, neste país tropical, deixarei que o sol pouse em minha alma.

Colherei as lágrimas dos desesperados para regar meu jardim de girassóis, e arrancarei os impropérios da boca dos irados para revogar a lei do talião. Nos becos da cidade, celebrarei com os bêbados, os mendigos, as prostitutas, a quem tratarei por um único nome: Emanuel. E, num grande circo místico, buscarei com eles a resposta à pergunta que jamais se cala: "o que será que será que cantam os poetas mais delirantes e que não tem governo nem nunca terá?"

Neste Natal, rogo a Deus ressuscitar a criança escondida em algum recanto de minha memória, a que um dia fui, menino que sabia confiar e, desprovido do pudor do ócio, livre das agruras do tempo, era capaz de imprimir fantasias coloridas ao lado obscuro da vida.
Quero um Natal de brindes à alegria de viver, hinos à gratidão da fé, odes à inefável magia da amizade. Natal cujo presépio seja o meu próprio coração, no qual o Menino Jesus desfaça laços e faça desabrochar todo o amor que se oculta nos sombrios porões do meu ego.

[Autor de "A arte de semear estrelas" (Rocco), entre outros livros].

* Escritor e assessor de movimentos sociais

www.adital.com.br

22 de dez. de 2008

Pensando no Natal

Dom Demétrio Valentini *

O que mais falta no Natal é reflexão. Se parássemos para pensar um pouco, perceberíamos melhor o seu significado. E nos daríamos conta de quanto o mistério da encarnação ilumina a humanidade. De tal modo que o nascimento do Menino Jesus, em Belém de Judá, confere sentido a "todo homem que vem a este mundo".

O Evangelho observa, com perspicácia, que a primeira reação de Maria, diante da proposta do anjo Gabriel, foi pensar. "Maria começou a pensar qual seria o significado daquela saudação" (Lc 1,29).

Começar a pensar é, portanto, a primeira recomendação do Natal.

Também José fez a mesma coisa. Ele também se pôs a pensar. Enquanto mergulhava nos seus pensamentos, pôde compreender a missão que o Senhor lhe confiava. Sem pensar, não teria se colocado em sintonia com a vontade de Deus, que o convidava a assumir uma missão que empenharia por inteiro sua vida, e lhe daria uma dignidade inesperada.

Depois do nascimento de Jesus, Maria continuou a pensar. "Maria guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração". (Lc 2,19).

A encarnação do Filho de Deus é um fato que transcende as circunstâncias históricas em que ela aconteceu. Seu significado vai além da singularidade das pessoas diretamente envolvidas no cenário histórico do acontecimento de Belém.

Como Maria, também somos convidados a continuar pensando no seu significado. Para dar-nos conta de como o mistério de Deus, que assume a natureza humana, repercute em toda a humanidade. De tal modo que toda criança, em qualquer época, em qualquer lugar, em qualquer povo, em qualquer cultura, de qualquer raça, todo nascimento, todos os seres humanos, são agora assumidos por Deus, e carregam uma dignidade nova, que lhes é conferida pelo fato de Deus ter assumido nossa condição humana, pela encarnação do seu Filho.

As circunstâncias históricas do nascimento de Jesus são contingentes e transitórias. O fato fundamental é o mistério de encarnação, cujo significado permanece, desafiando nossa inteligência.

É preciso resgatar o alcance universal do mistério da encarnação. E relativizar as contingências históricas em que ele se deu. Para não aprisioná-lo dentro destas circunstâncias, impedindo que ele possa ser apropriado por todos os povos, em todos os tempos.

O fato do Filho de Deus ter nascido em determinado país e em determinado povo, não o torna propriedade exclusiva de tal povo ou de tal lugar. O próprio Jesus fez questão de se desvencilhar das amarras de Nazaré e de seus familiares, para se sentir à vontade entre aqueles que acolhiam a mensagem transcendente que ele anunciava.

Ele mesmo, quando adulto, não deu importância a Belém, o lugar onde tinha nascido. Ficava tão perto de Jerusalém, bem que podia ter passado por lá, e mostrado aos discípulos onde tinha nascido! A contrário, preferiu atravessar as fronteiras ao norte, sinalizando a destinação universal do seu Evangelho.

Depois de dois mil anos, o Natal de Jesus nos faz procurar sua repercussão nem tanto na extensão geográfica de sua Igreja. Mas na profundidade do compromisso de Deus com a humanidade, simbolizado pela encarnação do seu Filho.

Pensando bem, os fatos de Belém ainda nos convidam à meditação. Para entendermos como a encarnação de Deus, acontecida plenamente em Jesus, repercute em todos os nascidos, não só em Belém, mas em Pequim também. E em toda criatura humana, em qualquer época e em qualquer lugar deste mundo.

(www.diocesedejales.org.br)

13 de dez. de 2008

Curtas e grossas (ou vice-versa)

Níver - Parabéns mana pelos teus xis aninhos (idade de mulher não se revela, sob pena de represálias!)...

Marcha Mundial pela Paz e Não-Violência - pré-lançamento em Curitiba. Será na CASLA - Casa Latinoamericana, rua João Manoel, 140 - Alto São Francisco. Às 18 h 30 min. Será um encontro para reunir organizações, instituições, ongs e pessoas comuns que queiram conhecer e protagonizar a construção da Marcha Mundial no Paraná e no mundo. Depois haverá uma confraternização com comes e bebes e apresentações musicais com a participação especial do Plá tocando a música que compôs para a Marcha Mundial. PARTICIPEM!!!

Amigo Secreto (ou Oculto) - Hoje tem almoço com a minha equipe de trabalho. É a tradicional troca de presentes. Promete ser muito legal. À noite tem Paralamas do Sucesso.

William, Rita, Paquetá - Deixo meu abraço fraterno. A vida pode ser muito mais do que nosso imaginário permite, basta-nos expandí-lo!

Jacqueline - Seja bem-vinda à Curitiba.

4 de dez. de 2008

Corrida e superação


*Gerson Vieira

O dia 23 de novembro passado marcou meu retorno aos circuitos de corrida. Animado pela propaganda realizada onde trabalho, participei da Maratona de Curitiba. Como não tinha preparação para corrida, optei pela caminhada de 5 km. Foi uma experiência gratificante porque além de conhecer pessoas legais e corredores profissionais, encontrei o editor da revista Contra Relógio, Tomaz Lourenço, gente boníssima que presenteou-me com a edição de setembro. Havíamos conversado por e-mail na semana anterior. Agora sou assinante da revista.
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No dia 30 participei da última etapa do Circuito de Corridas do SESC, foram mais 4 km no meio de gente alegre, alto astral, lá conheci o Vanderlei Cordeiro de Lima, aquele maratonista que perdeu a medalha de ouro em Atenas porque um maluco o derrubou na reta final, lembram? Vanderlei participa dos eventos do SESC, incentivando os jovens a fazerem esporte. Impressionante a participação das pessoas nas duas caminhadas em que participei. Tenho observado muita gente correndo e fazendo caminhadas em Curitiba.
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Entre esses eventos criei coragem e fiz a inscrição para a corrida de 10 km no dia 7 de dezembro, organizada pela Associação Procorrer. Mesmo sem saber se teria condições físicas, resolvi acreditar que seria possível terminar a prova. Meus treinos iniciaram na segunda-feira passada no Passeio Público, foi somente caminhada, na terça, alternei caminhada e corrida e quase desanimei. Pensei que não terminaria a prova de domingo naquelas condições físicas. Larguei a academia nessa última semana para me dedicar aos treinos. Ontem não fiz nada além de caminhar. Hoje cheguei ao Passeio Público por volta de 10 horas, respirei fundo e resolvi correr 10 voltas na pista de 1070 metros sem parar. Achei que não aguentaria. Para minha surpresa não só aguentei como terminei sem dores e sem estar ofegante.
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Consegui descobrir o ritmo ideal e conclui o treino em 1h7min33s, para um percurso de 10,7 km. O tempo foi alto se considerarmos a performance dos corredores profissionais mas, para mim, está ótimo. Com esse tempo eu sei que chegarei até o final da prova de domingo, inteiro, sem dores e câimbras. Minha meta é correr a Meia Maratona do Rio de Janeiro, em 2009. Eu falei para uma colega e ela riu de mim, tentei fazer uma aposta com ela mas acho que deve ter pensando que sou maluco para isso e não aceitou. Enfim, podemos superar nossas deficiências com dedicação e determinação. Isso serve para a vida. O que sobrar de mim, assistirá o jogo Grêmio x Atlético – MG, no Roxinho, onde a galera gremista se reúne para rir, chorar, xingar e vibrar! E, quem sabe, não recebo de presente um título de tri-campeão brasileiro?
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* Gerson Vieira – bancário, gremista, blogueiro, reside atualmente em Curitiba. Retoma às corridas após duas décadas.

25 de nov. de 2008

Defesa Civil recebe doações em dinheiro para auxiliar atingidos pela enchente em SC

Extraído do Diário Catarinense de 25 de novembro de 2008

http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default.jsp?uf=2&local=18&section=Geral&newsID=a2306293.xml

Emergência em Santa Catarina | 24/11/2008 | 20h57min

Interessados podem contribuir com depósitos no Banco do Brasil ou no Besc

A Defesa Civil de Santa Catarina está recebendo doações em dinheiro para ajudar as pessoas atingidas pelas chuvas dos últimos dias no Estado. Nesta segunda-feira, foram abertas duas contas bancárias.

Os interessados em contribuir com qualquer quantia podem depositar o valor no Banco do Brasil (BB), agência 3582-3, conta corrente 80.000-7; ou na conta corrente 80.000-0, agência 068-0, do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc). O depósito deve ser creditado ao Fundo Estadual de Defesa Civil-Doações.

24 de nov. de 2008

Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu.

(Fernando Pessoa)

9 de nov. de 2008

A verdade de Zeca Pagodinho!


Verdade

Zeca Pagodinho

Composição: Nelson Rufino / Carlinhos Santana


Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade!...

Prá ganhar teu amor fiz mandinga
Fui a ginga de um bom capoeira
Dei rasteira na sua emoção
Com o seu coração fiz zueira...

Fui a beira do rio e você
Com uma ceia com pão
Vinho e flor
Uma luz prá guiar sua estrada
A entrega perfeita do amor
Verdade!...

Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade!

Como negar essa linda emoção
Que tanto bem fez pro meu coração
E a minha paixão adormecida...

Meu amor, meu amor, incendeia
Nossa cama parece uma teia
Teu olhar uma luz que clareia
Meu caminho tal qual, lua cheia...

Eu nem posso pensar te perder
Ai de mim esse amor terminar
Sem você minha felicidade
Morreria de tanto penar
Verdade!...

Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade!

Como negar essa linda emoção
Que tanto bem fez pro meu coração
E a minha paixão adormecida...

Prá ganhar teu amor fiz mandinga
Fui a ginga de um bom capoeira
Dei rasteira na sua emoção
Com o seu coração fiz zueira...

Fui a beira do rio e você
Com uma ceia com pão
Vinho e flor
Uma luz prá guiar sua estrada
A entrega perfeita do amor
Verdade!...

Descobri que te amo demais
Descobri em você minha paz
Descobri sem querer a vida
Verdade!
Como negar essa linda emoção
Que tanto bem fez pro meu coração
E a minha paixão adormecida...(3x)

Descobri que te amo demais!
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Nota:

É pura poesia misturada com uma linda melodia!
Faz parte do álbum "Uma prova de amor", lançado em setembro passado.



6 de nov. de 2008

Obama


Ontem, assisti o discurso de Barack Hussein Obama já eleito. Vi a imagem das pessoas que estavam presentes e percebi fisionomias maravilhadas, estasiadas, aliviadas. Pareciam não acreditar que seu sonho fosse possível. Foi a maior mobilização de negros, jovens, imigrantes e latinos da história americana. Essa sensação tivemos quando Lula foi eleito presidente do Brasil. A história de Obama difere um pouco da historia pessoal de Lula. Mas foi impressionante sua trajetória política nos últimos anos. Obama trouxe um discurso de paz, de não beligerância e de união entre os americanos, sejam eles democratas ou republicanos, imigrantes, latinos, brancos ou negros. Sabemos dos limites e das possibilidades de seu governo mas espero sinceramente que Obama faça um bom governo, voltado para os cidadãos americanos e que a paz esteja presente em seu mandato.

3 de nov. de 2008

Itaú e Unibanco se unem e criam maior grupo do Hemisfério Sul

Fusão

Exclusivo

Os controladores do Itaú e do Unibanco assinaram nesta segunda-feira, 3, um contrato visando à unificação dos bancos, para formar o maior grupo financeiro privado do Hemisfério Sul. A união fará com que o conglomerado esteja entre os 20 maiores do mundo. A nova controladora será denomiada Itaú Unibanco Holding S.A.

"Trata-se de uma instituição financeira com a capacidade de competir no cenário internacional com os grandes bancos mundiais", afirmaram em nota à imprensa os diretores de Relações com Investidores de ambos os bancos em fato relevante conjunto. As assembléias sobre a união ocorrerão entre 24 de novembro e 5 de dezembro.

A operação precisa ser aprovada em assembléias extraordinárias de acionistas, previstas para serem realizadas entre a última semana de novembro e a primeira semana de dezembro -- pelo Banco Central do Brasil e demais autoridades competentes.

Segundo as instituições financeiras, o novo banco resultante da fusão terá R$ 575 bilhões em ativos e patrimônio líquido de cerca de R$ 51,7 bilhões. Contará com aproximadamente 4,8 mil agências, representando 18% da rede bancária; e 14,5 milhões de clientes de conta corrente, ou 18% do mercado.

Em volume de crédito, representará 19% do sistema brasileiro; e em total de depósitos, fundos e carteiras administradas, atingirá 21%.

Ainda de acordo com o comunicado oficial do Itaú, nada muda operacionalmente para os clientes dos dois bancos neste momento. Todos continuarão a utilizar normalmente os diferentes canais de atendimento, cheques, cartões e demais produtos e serviços.

Fonte: Opinião e Notícia
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Nota do blog:

Será que a concentração da atividade bancária será positiva para a economia brasileira?
Não li nenhuma linha sobre a situação dos funcionários dos bancos envolvidos.

2 de nov. de 2008

Finados

Humanos que morrem todos os dias
Morrem no orgulho, na ignorância, na fraqueza
Morrem afogados no ódio, na raiva
Morrem incapazes de perdoar

Mas morre um dia e nasce outro
Morre a semente, nasce a flor
Morre a crisálida, voa a borboleta
Morre o homem, ficam as lembranças

Em toda a morte há uma nova vida
Essa sempre foi a esperança
Triste é ver gente morrendo por antecipação
De desgosto, de tristeza, de solidão

Assim caminha a humanidade
Vai empurrando a vida
Gritando, perdendo-se
Desesperando-se, afundando-se

Vai morrendo um pouco,
A cada dia que passa
A cada noite que termina
Até chegar ao ponto final

31 de out. de 2008

MP-PI denuncia maior desmatamento do ano no País

Agencia Estado - 31/10/2008 10:07

MP-PI denuncia maior desmatamento do ano no País

O empresário Gilmar Chinelli Pereira foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) de Piauí por ter supostamente realizado o maior desmatamento individual do Brasil de que se tem notícia neste ano, segundo o MPF. O crime ambiental ocorreu no município de Bom Jesus, localizado no cerrado piauiense. O empresário teria promovido a derrubada de 11.673 hectares de floresta de cerrado, desmatando o equivalente a quase 12 mil campos de futebol ou 116,73 quilômetros quadrados na região da Serra do Quilombo, no município de Bom Jesus.

O desmatamento aconteceu sem nenhuma preocupação ambiental, sem licenciamento e sem autorização e conhecimento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o procurador da República Tranvanvan da Silva Feitosa, a região desmatada é área crítica que vem sendo objeto de especulação imobiliária e grilagem, em face da expansão das fronteiras agrícolas do Piauí, especialmente da monocultura de grãos.

Por conta disso foi aplicada uma multa pelo Ibama de R$ 5,8 milhões ao réu e embargada a atividade econômica da propriedade. Chinelli já foi autuado pelo Ibama em março deste ano por promover o desmatamento de 3.664,51 hectares de floresta do cerrado na mesma região e município, tendo sido o empreendimento embargado com multa no valor de R$ 365.500,00.
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Nota do blog:

Esse cidadão ainda não foi preso? As cadeias estão cheias de ladrões de comida, que deveriam pagar suas penas com trabalhos comunitários. Sobraria lugar para indíviduos como o sr. Gilmar que causam danos infinitamente maiores para a sociedade!

26 de out. de 2008

Jairo Jorge (PT) é eleito prefeito de Canoas - RS




RS: Jairo Jorge é eleito com 52,63% em Canoas


Em Canoas (RS), com 100% dos votos apurados, o candidato Jairo Jorge (PT) foi eleito com 52,63% dos votos válidos. Jurandir Maciel (PTB) teve 47,37% dos votos.

Jairo Jorge havia ficado na frente no primeiro turno das eleições, com 46,51% dos votos, e Maciel obteve 37,46% dos votos. Canoas fica na região metropolitana de Porto Alegre e tem 238,2 mil eleitores.


Parabéns ao Jairo e ao PT que, pela primeira vez, governará (em coligação) a minha cidade natal! É um sonho de 23 anos que agora se concretiza!








24 de out. de 2008

Samba pros Poetas

*Diogo Nogueira

Composição: Diogo Nogueira / Inácio Rios

O povo clamando pro samba não morrer
Sambista de fato não deixa esmorecer
Bate no peito com raça e dignidade
O samba vem de Angola
Mexe meu peito, a mais pura verdade

Dizem que o samba da gente já morreu
Isso é conversa fiada, o samba cresceu
E donga dizia pelo telefone
Que o samba é a alma do povo,
Raiz verdadeira, Brasil é seu nome

Samba de Monarco, de Ratinho
De Noel, de Padeirinho e do Silas de Oliveira
Samba de Katimba e da Vila, dona Ivone, Jovelina
E também João Nogueira
Samba pros poetas de verdade
Do Paulinho da Viola e pro Nélson Cavaquinho
Olha que o Candeia foi chegando
E o sem braço foi versando
Devagar, no miudinho

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* Diogo Nogueira - tem 27 anos, é cantor e compositor e vem de uma nobre linhagem do samba. Filho do saudoso João Nogueira, acostumou-se desde cedo a ser embalado por choros e sambas.
João costumava levar Diogo para cantar em seus shows e logo vieram os convites para participar de rodas de samba do Rio, hábito que lhe rendeu respeito e aprovação dos bambas da música.
No final de 2005, participou do antológico show realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, comemorando 40 anos de carreira da cantora Beth Carvalho. Naquela noite, Diogo emocionou a platéia do Municipal ao interpretar “O Poder da Criação”.


Em 2007, Diogo Nogueira gravou seu primeiro DVD no Teatro João Caetano (RJ), com clássicos do samba e músicas inéditas, ao lado dos convidados Marcelo D2, Xande de Pilares (Revelação) e o violonista Marcel Powell. CD e DVD foram lançados pela EMI Music no final de 2007, confirmando Diogo Nogueira como a maior revelação do samba de sua geração.

Assisti o Diogo no primeiro de maio deste ano, promovido pela CUT, na Lapa, Rio de Janeiro. É um sambista carismático, dono de uma voz magnífica. Tem tudo para registrar seu nome na galeria do samba.

Para saber mais: www.diogonogueira.com.br

21 de out. de 2008

Explicando a crise dos EUA de maneira caseira

Explicando a crise dos EUA de maneira caseira.
(de um leitor do Paulo Henrique Amorim)

O seu Benê tem um bar, na Vila Capanema, e decide que vai vender cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Benê, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Benê).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bebum da Vila Capanema não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Benê vai à falência.E toda a cadeia vai pro saco...Em tempo: o prefeito de Vila Capanema resolveu colocar US$ 850 bilhões no negócio para não deixar fechar nem o alambique nem o boteco.

Entenderam?

20 de out. de 2008

Greve continua na terça em todo o país

Os trabalhadores bancários de Curitiba e região continuam com uma forte adesão a greve por tempo indeterminado na capital. Confira o panorama do movimento nesta segunda-feira (20 de outubro):

53 agências do Banco do Brasil
46 agências da Caixa Econômica
55 agências de bancos privados, a maioria do Bradesco (43 agências)
12 Centros Administrativos (4 BB, 3 CEF, 4 HSBC, 1 Bradesco)
Total: 154 agências

Serviço:Os clientes do Bradesco podem recorrer aos correspondentes postais (Correios), terminais de auto-atendimento e agências de conveniências (localizadas nos shoppings e supermercados - ex: Shopping Total, Extra Alto da XV) estas agências só aceitam pagamentos se o cliente estiver com o cartão.
A agência Bradesco Ecoville (Rua Gra Nicco, 113 - bairro Mossunguê) está aberta ao público. Nesta segunda, a assembléia será às 17h30, no Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários (Rua Piquiri, 380).

Fonte: Patricia Meyer - Seeb Curitiba

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Nota:

Terminou faz pouco a assembléia desta segunda no SEEB Curitiba. Conforme relato do presidente do sindicato, as negociações ainda ocorriam em São Paulo e havia previsão de continuarem durante a noite. A assembléia decidiu então manter a greve na terça-feira e intensificar a paralisação nas agências bancárias da cidade, principalmente no Bradesco.

18 de out. de 2008

Sem avanços na sexta, negociações com a Fenaban continuam na segunda

As negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, retomadas na quinta-feira, foram suspensas nesta sexta-feira à noite por falta de avanços e continuam na segunda-feira 20, às 11h. Em razão disso, também foram interrompidas as negociações específicas do Banco do Brasil e da Caixa.

A orientação do Comando é que a greve nacional, que nesta sexta-feira completou dez dias e continua forte em todo o país, continue até que a Fenaban apresente uma proposta que contemple as reivindicações da categoria.

Na rodada da quinta-feira, o Comando Nacional rejeitou a proposta dos bancos de reajuste de 9% para quem ganha até R$ 1.500, para a gratificação de caixa e para a parcela fixa e o teto da PLR, além de 7,5% de reajuste para as demais faixas salariais e demais benefícios.

"As negociações não avançaram hoje porque os bancos não apresentaram nada de novo. De nossa parte, deixamos muito claro aos negociadores da Fenaban que os bancários aguardam uma melhoria significativa na proposta, principalmente no que se refere à PLR, que pelo que eles propuseram até agora é menor do que a do ano passado", afirma Vagner Freitas, presidente da Contraf/CUT e coordenador do Comando Nacional.

Banco do Brasil

Nas negociações específicas realizadas quinta e sexta-feira, o BB se comprometeu com a implantação do Plano Odontológico na Cassi com prazo a ser definido. Também houve avanços em temas referentes aos funcionários oriundos do Besc, especialmente no que diz respeito ao piso salarial e à PLR dos meses de janeiro a setembro de 2008.Outro compromisso assumido pelo BB é a instalação de mesas temáticas com assuntos que serão definidos entre as partes. Dentre os temas apontados pela representação dos trabalhadores estão a terceirização, o assédio moral, benefícios (vale transporte, auxilio creche etc.), remuneração (lateralidade, PCCS etc.).Nova rodada de negociação está marcada para segunda-feira, 20 de outubro.

Fonte: Contraf/CUT

14 de out. de 2008

Desenvolvimento sustentável e seus limites

Foto: Marcos, Parque Tanguá, Curitiba - PR.


*Marcos Vieira


Diante do sistema econômico atual, vemos o amadurecimento de uma crise que antes era dado pelo governo americano como uma crise temporária sem maiores consequências.

Seria este o ínicio da autodestruição do sistema capitalista?

E o desenvolvimento sustentável, ficaria como diante de tudo isso ?

Qual seria o limite do desenvolvimento sustentável?

Seria mesmo impossível o desenvolvimento sustentável no regime capitalista em que vivemos hoje ?

Considerando que, o capitalista investe X dinheiros com o objetivo do lucro, sendo que X dinheiros vira X de capital de investimento, a cada investimento ele ganhará uma porcentagem em cima de X, tendo X+Y dinheiros, sendo que Y = X vezes um número, ou seja uma equação exponêncial.

Então: X + Y = Z Dinheiros, e o capitalista faz rodar esse Z dinheiros para não ocorrer uma desvalorização, reinvestindo o capital e tudo começando desde o príncipio. Aparentemente isso parece simples e sustentável, mas isso gera uma necessidade de expensão, por isso se o sistema do capital para de expandir ele quebra.

Considerando isto seria impossível o desenvolvimento sustentável, porque se tu investe X vai consumir um tanto de recursos naturais, se tu investe X + Y, vai consumir mais do que antes, por isso acreditar que é possível o desenvolvimento sustentável no sistema capitalista fica muito complicado e vira questão de fé, ainda que eu por opinião pessoal prefira a queda desse sistema, o regime capitalista de produção é o maior, senão o único responsável pela aceleração e destruição ambiental porque depende do crescimento ilimitado às custas da super exploração da natureza.

Não poderia ignorar deliberadamente a hecatombe ambiental que ocorreu na URSS em virtude das experiências do regime socialista de produção, até porque acredito que a preservação vem acima do regime que se é adepto. Por mais que o capitalismo seja predatório, o socialismo superou-o em seu desrespeito pela natureza, num regime em que se tinha uma ditadura repressiva como o da União Soviética onde não havia possibilidade de qualquer forma de denúncia ou de ação que pretendesse desacelerar o ímpeto poluidor dos imprudentes agentes econômicos.

A utilização de maneira predatória da natureza pelo regime da União Soviética também produziu efeitos, não em virtude do caráter predatório do socialismo, mas em razão da ignorância de socialistas inautênticos, que pensavam muitas vezes no conflito com o EUA e em mostrar que o regime socialista era melhor que o capitalista e acabavam esquecendo do que o regime tinha como objetivo.

Isto não se trata de defender minha "religião" anti capitalista, mas acredito que, para as coisas funcionarem, temos que ter também honestidade intelectual suficiente para sacrificar alguns socialistas, a fim de não cometermos novamente erros, como o cometido pela URSS na natureza.

Acredito que o homem não tem dimensão exata do planeta em que vive para estabelecer o limite do desenvolvimento sustentável, fato é que, quando uma energia está escassa o homem encontra outra em abundância, veja que com o petróleo escasso o homem busca outras formas de energia como os biocombustíveis.

Como um humanista convicto ainda acredito em um sistema que beneficie a todos, mas para isso precisamos fazer uma reforma interior para depois mudarmos o resto, para que as coisas sejam feitas de maneira inteligente sem destruir a natureza.

Acho que mais do que nunca diante do caos econômico onde, os países pobres tendem a ficar mais pobres, a fome, a miséria e a desigualdade social continuam matando mais pessoas no planeta, temos que nos unir, em busca de uma sociedade melhor, sermos solidários aos que mais precisam e, acreditar sempre, pois quem acredita sempre alcança.

Para saber mais: Limites do Desenvolvimento Sustentável, de Guillermo Faladori, publicado pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo em parceria com a Unicamp, editado no ano de 2001 e lançado no ano de 2003.
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*Marcos Vieira, 16 anos, é estudante do ensino médio, em Canoas, no RS e ativista do Movimento Humanista, faz parte do projeto - Juventude: escreva o que pensa!

13 de out. de 2008

Parabéns pelos 200 anos dos bancários no Brasil

Parabéns pelos 200 anos dos bancários no Brasil

Encerrou faz pouco a assembléia dos bancários de Curitiba que foi realizada na frente da agência Praça Tiradentes com a presença de mais de 500 bancários. Foram comemorados aqui, os 200 anos do Banco do Brasil, com uma bandinha afinada e balões vermelhos que subiram aos céus.

Importante ressaltar que, enquanto os funcionários estão em greve por melhores salários, a diretoria do banco se mantém intransigente fazendo festinhas para os "vips" e publicando encartes nos principais jornais do país. É o "Sinergia 200 anos"!

Assim assopramos as velhinhas de braços cruzados!

No final da assembléia os bancários votaram pela manutenção da greve.
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QUADRO DAS PARALISAÇÕES NO PARANÁ:

09/10/2008 – quinta-feira -> Interior – 140 agências
Curitiba – 160 agências
Centros administrativos – 11 (BB, CEF, privados)
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10/10/2008 – sexta-feira -> Interior – 164 agências
Curitiba – 168 agências
Centros administrativos – 13
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13/10/2008 – segunda-feira – Interior – 205 agências
Curitiba – 207 agências
Centros administrativos – 11
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Gerson Vieira, direto da assembléia dos bancários, Curitiba, PR

10 de out. de 2008

Funcionários vão protestar na festa dos 200 anos do Banco do Brasil


Bancários, barrados pela empresa na comemoração, vão denunciar desprezo do banco pela campanha salarial do funcionalismo
Pode até ser que a frente fria que chegou à região Sudeste permaneça no Rio neste fim de semana. Mas este domingo, dia 12, promete ser quente para os funcionários do Banco do Brasil.

O funcionalismo, convocado pelo Sindicato, vai realizar um protesto em frente ao Teatro Municipal, onde será realizada a festa em comemoração aos 200 anos da empresa. A concentração para a atividade será às 18h30. Os bancários devem levar suas canecas alusivas aos 200 anos da empresa. É hora de expressar toda a indignação contra a forma com que o banco tem tratado os funcionários na campanha salarial. “Acredito que o evento terá uma grande cobertura da imprensa. A sociedade precisa tomar ciência do descaso do BB para com o funcionalismo. Será fundamental a participação em massa de todos os companheiros e companheiras neste ato”, disse o diretor do Sindicato Murilo da Silva.

Hoje (10), às 16 horas, tem manifestação do funcionalismo, em frente à agência do BB da Rio Branco com Assembléia, no Centro, também num tom crítico à festança de dois séculos da empresa. Motivos os funcionários do BB têm de sobra para participar da manifestação. Desde as primeiras rodadas de negociações permanentes, no início deste ano, a direção da empresa tem negado, sistematicamente, todas as reivindicações dos trabalhadores. “Vamos mostrar nossa revolta e a força de mobilização da categoria”, frisou Murilo.

Fonte: Sindicato dos Bancários, Rio de Janeiro.
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NOTA:
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Sindicato lembra 200 anos do BB com protesto

Trabalhadores bancários protestam às 16h30, no BB da Tiradentes.
Assembléia geral também será no local Nesta segunda, dia 13 de outubro, os trabalhadores bancários realizam ato lembrando a "comemoração" dos 200 anos do Banco do Brasil em frente ao BB da Tiradentes.
Será distribuída folha bancária e haverá bolo no local.
Serviço:
hoje, 13 DE OUTUBRO
ATO BB 200 ANOS
No BB Praça Tiradentes
às 16h30
SEEB/Curitiba

9 de out. de 2008

Che Guevara em quatro tempos


Che em quatro tempos
Héctor Arturo


PRIMEIRO TEMPO



Nascer e ter asma no frio intenso de Rosario. Dar os primeiros passos, montar triciclo, brincar com seu cão, aprender as vogais, as consoantes e os números com Dom Ernesto e Dona Celia, e alguma professora rural, mas a asma aí, constante, sufocando o menino que se nega a submeter-se perante a falta de ar, pois quer fazer tudo igual aos outros, sem saber que vai ser melhor.
Mudar-se para Buenos Aires a fim de melhorar a saúde fraca, e crescer e chutar a bola de futebol, escalar montanhas, ler constantemente e constantemente estudar letras e ciências.
Sustituir o triciclo de pequeno pela motocicleta de adolescente desafiante para dar uma volta por toda Nossa América, e conhecer, sem que ninguém se conta, como sobrevivem as pessoas que habitam do Bravo à Patagônia.
Matricular a carreira de medicina e graduar-se de médico, não para abrir uma clínica privada, senão para pôr-se ao serviço dos leprosos, a quem nenhum outro colega ousa atender.

SEGUNDO TEMPO


Na Guatemala, está em perigo um governo popular, alí está ele na Guatemala, com um bufo, que é como os argentinos chamam os revólveres, para defender os insignificantes avances que os ianques não permitiram mais a Jacob Arbenz. O México abre suas portas ao incansável viajante e na casa de Maria Antonia, em apenas uma noite de conversa com outro jovem sonhador como ele, de nome Fidel Castro, torna-se o primeiro na lista dos expedicionários de um iate de recreio, convertido no meio do mar esbravecido num navio de guerra para fazer a liberdade em Cuba.
Naufrágio mais que desembarque. Surpresa inimiga e batismo de fogo.
Dúvida: carregar com a mochila de medicamentos ou com o fuzil. Decide o último para salvar um povo do mal social que o consumia, pior que todas as doenças e as feridas de bala. De novo às montanhas, que deve ascender agora entre combates, para descender logo e subir ao mais alto com a façanha incomparável da invasão de Oriente a Ocidente, na qual cortou Cuba em duas partes para logo juntar mais, ao frear o inimigo em Santa Clara e acelerar o amanhecer do 1º de janeiro de 1959.

TERCEIRO TEMPO


Comandante e economista. Ministro e cortador de cana-de-açúcar. Cidadão cubano de nascimento. Político e construtor. Estudioso e crítico. Criador do trabalho voluntário. Forjador de inventivas. Acelerador de idéias. Revolucionário. Comunista. Internacionalista. "Aqui fica o mais puro das minhas esperanças de construtor e deixo um povo que me admitiu como um filho; isso lacera e cura grandemente qualquer rasgadura, nada legal me liga a Cuba, só laços de outra índole que não se pode quebrar como as nomeações...Outras terras do mundo pedem o concurso de meus modestos esforços..."E até outras terras de África e da América Latina levou seus passos, sentindo sob seus calcanhares as costelas de Rocinante, com o escudo no braço, para criar dois, três, muitos Vietnã ao som de metralhadoras e novos gritos de guerra e de vitória.

QUARTO TEMPO


É 9 de outubro de 1967, prisioneiro desde o dia antes da pequena e desconhecida escolinha de La Higuera, deu sua melhor aula de História. Os terroristas confessos que assassinaram o Che por ordens expressas de Washington jamais imaginaram que um homem de só 39 anos pudesse multiplicar-se tantas veces, para nascer a cada instante em todos os cantos do planeta.
E ai está, em mármores, pedras, bronzes, graffitis para chamar a greves e manifestações; em cartazes e fotografias que enchem avenidas, ruas, parques, praças, escolas e fábricas do mundo; em poemas e canções que entoam-se aos milhões em todos os idiomas.
Em presente e futuro, porque do Che jamais poderá falar-se em passado, pois continua convocando aos ouvidos receptivos a esta marcha unida na qual não cabe mais alternativa que sua frase que retumba com a força de um eco universal e unânime: Até a vitória sempre...!



Fonte: Granma Internacional, Cuba.

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Nota:


QUINTO TEMPO

É 9 de outubro de 2008 em Curitiba, 9 graus. Preenchi, assinei e entreguei minha ficha de sindicalização no Sindicato dos Bancários. Participei da Assembléia. Até a vitória, sempre!

Assembléia dos bancários hoje!

Hoje, assembléia às 17h30, no Espaço Cultural e Esportivo

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região realiza nesta quinta (9), às 17h30, assembléia no Espaço Cultural e Esportivo da categoria. A assembléia discutirá a estratégia para a continuidade da greve e avaliará a paralisação de hoje.

Serviço:

ASSEMBLÉIA

Dia 09 de outubro, quinta-feiraÀs 17h30
Espaço Cultural e Esportivo dos Bancários
Rua Piquiri, 380 - Rebouças Curitiba - PR


Quadro de greve dos bancários em Curitiba e região

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região contabiliza neste momento, na capital e região metropolitana, 155 agências e 11 Centros Administrativos sem expediente. A expectativa de ampliação da paralisação da entidade se confirmou, pois do total de agências fechadas, aumentou a adesão nos bancos públicos (Caixa e BB) de 84 para 91 e nos bancos privados, as outras 64 agências. Dos bancos públicos na capital, apenas a agência BB - Estilo Curitiba, na rua Benjamin Lins, 610, no bairro Batel, está aberta.
Mais informações em breve.

SEEB/Curitiba

7 de out. de 2008

Bancários Curitiba - Greve por tempo indeterminado!

Para a greve já!

Assembléia que contou com participação maciça dos trabalhadores bancários aprova por ampla maioria greve por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira (8).

Os trabalhadores bancários de Curitiba e Região aprovaram nesta terça-feira, dia 7 de outubro, em assembléia realizada no Espaço Cultural e Esportivo da categoria, a proposta de paralisação por tempo indeterminado.

A greve é uma resposta a Federação Nacional dos Bancos que desde o dia 24 de setembro não apresentou uma nova proposta aos bancários. A Fenaban insiste em propor 0,3% de aumento real, enquanto os trabalhadores exigem 5%. "Estes 0,3% de aumento real oferecidos pelos bancos são uma afronta aos bancários que estão cientes da lucratividade do setor e do seu papel essencial nestes resultados", avalia Otávio Dias, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região. "Os trabalhadores sofrem diariamente com a pressão para cumprimento de metas, o que leva ao adoecimento da categoria.

Agora a pressão é benéfica ao trabalhador. Uma pressão pela melhoria da proposta de reajuste salarial e principalmente, por melhores condições de trabalho", conclui.

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região estima que mais de 600 trabalhadores bancários compareceram a assembléia desta terça.

Fonte: SEEB/Curitiba

Desequilíbrios estruturais do capitalismo atual

Emir Sader *

A atual crise econômico-financeira internacional se insere no marco de um ciclo longo recessivo, do qual o capitalismo não logrou sair desde seu início, em meados da década de setenta do século passado. Sem essa inserção, fica difícil a apreensão do caráter dessa crise, das conseqüências que pode produzir e do cenário que deve surgir depois dela.

Os ciclos e as crises

O capitalismo vive, pela própria natureza do seu processo de reprodução, articulado por ciclos, curtos e longos. Estes coordenam os ciclos curtos, numa perspectiva expansiva, se a curva das subidas e descidas das oscilações curtas apontam para cima, recessiva, se para baixo, conforme a teoria do economista russo Kondratieff, retomada teórica e historicamente por Ernst Mandel.

No segundo pós-guerra, o capitalismo viveu sua "idade de ouro", segundo Eric Hobsbawn, em que coincidiram virtuosamente a maior expansão concomitante das grandes economias capitalistas - Estados Unidos, Alemanha, Japão -, do chamado "campo socialista", dirigido pela União Soviética, e por economias periféricas, como o México, a Argentina, o Brasil, com seus processos de industrialização dependente. A economia capitalista não deixou de apresentar seus ciclos curtos de crise, mas cada novo ciclo retomada a expansão e empurrava a economia para patamares cada vez mais altos.

Foi um ciclo longo expansivo comandado por grandes corporações internacionais de caráter industrial e comercial, apoiada por um sistema financeiro em expansão e por grandes transformações na produção agrícola. Um modelo hegemônico regulador - ou keynesiano ou de bem-estar, conforme se queira chamá-lo - incentivava os investimentos produtivos, tendia a fortalecer a demanda interna de consumo, promovia o fortalecimento dos Estados nacionais e a proteção de suas economias.

As crises, como é típico no capitalismo, expressavam processos de super-produção ou de sub-consumo - conforme se queira chamá-las -, refletindo o desequilíbrio estrutural desse sistema entre sua - reconhecida já por Marx no Manifesto Comunista - enorme capacidade de expansão das forças produtivas, mas que se chocam constantemente com sua incapacidade de distribuir renda na mesma medida daquela expansão.

Na sua fase final, o ciclo longo expansivo do segundo pós-guerra viu esse excedente, resultado acumulado da defasagem entre produção e consumo se transformar em capital financeiro - os chamados euro-dólares, que foi aproveitado por países como o Brasil, para reciclar seu modelo econômico, diversificando sua dependência externa e favorecendo a retomada da expansão econômica interna, ainda antes do final do ciclo longo expansivo. Este fator - o golpe militar ainda no ciclo expansivo - diferenciou o cenário econômico brasileiro do dos outros países da região, em que as ditaduras coincidiram com recessão, por já se darem no ciclo longo recessivo do capitalismo internacional.

Que características teve o final desse ciclo e o inicio do novo, de caráter recessivo? Tendo triunfado o diagnóstico de que a estagnação econômica se devia ao excesso de regulamentações, o novo modelo se centrou na desregulamentação, de que as privatizações, as aberturas para o mercado externo, as políticas de "flexibilização laboral", de ajuste fiscal, foram expressões.

Duas conseqüências mais importantes dever ser recordadas aqui, para entendermos o caráter da crise atual e seus efeitos para os países latino-americanos. A primeira, o gigantesco processo de transferência de capitais do setor produtivo para o especulativo que a desregulamentação promoveu em escala nacional e internacional. Livre de travas, o capital migrou maciçamente para o setor financeiro e, em particular, para o setor especulativo, onde obtêm muito mais lucros, com muito maior liquidez e com menos ou nenhuma tributação para circular.

Configurou-se assim, no modelo neoliberal, a hegemonia do capital financeiro, sob a forma do capital especulativo, fazendo com que mais de 90% dos movimentos econômicos se dêem não na esfera da produção ou do comércio de bens, mas na compra e venda de papéis, nas Bolsas de Valores ou de papéis das dívidas públicas dos governos.

Promoveu-se a financeirização das economias, o que significa, em primeiro lugar, a financeirização dos Estados, cujo primeiro e maior compromisso passa a ser o pagamento das dívidas, isto é, a reserva de recursos mediante o chamado "superávit primário" e a transferência maciça e sistemática de recursos do setor produtivo para o capital financeiro. Grandes grupos econômicos têm à sua cabeça, um banco uma instituição financeira, costumam ganhar mais nos investimentos financeiros que naqueles que deram origem às empresas que os compõem. Grande quantidade de pequenas e médias empresas entraram em processos de endividamento, dos quais não conseguem sair.

Outras, assim como consumidores, não se atrevem a buscar empréstimos, pelo medo ao endividamento, com as altas taxas de juros.

O capital financeiro passou a ser o sangue que corre pelas economias dos países, definindo o metabolismo que as preside. Um capital que tem na volatilidade, na sua extrema liquidez, um elemento essencial, inerente, aquele que permite deslocar-se rapidamente para onde pode ter maiores vantagens e, ao mesmo tempo, lhe atribui um grande poder de pressão, diante da fragilidade das economias que dependem estruturalmente dele.

As crises na fase neoliberal

Dessas características decorre o caráter centralmente financeiro das crises no período neoliberal, como ficou evidenciado nas crises mexicana, asiática, russa, brasileira e argentina, entre outras. O setor financeiro canaliza para si os excedentes de capital, produto da defasagem estrutural entre produção e consumo, agudizada na fase atual do capitalismo, em que a elevação da produtividade e a criatividade tecnológica seguiram se aprofundando, ao mesmo tempo que se deram processos de concentração de renda entre as classes sociais, entre países e regiões do mundo.

O poder devastador dessas crises e o potencial de contágio se revelaram da mesma dimensão do tamanho da abertura das economias ao mercado internacional e ao peso que o capital financeiro passou a desempenhar em escala nacional e mundial. O México seguiu sofrendo os impactos da crise de 1994 por muitos anos. O mesmo ocorreu com países do sudeste asiático. No Brasil, a crise de 1999 significou a passagem a anos de recessão, que só recentemente foram superados. Na Argentina a crise teve conseqüências devastadoras do ponto de vista econômico, financeiro, político e social.

São crises que se desatam a partir do elo mais frágil, mais sensível, do processo de reprodução - o setor financeiro -, mas que rapidamente se propagam pelo restante da economia, pelo papel central que esse setor passou a ter e pelos aspectos psicológicos em que se assenta. Não por acaso o segundo livro de Francis Fukuyama se chamou "Confiança", para denotar como as expectativas, positivas ou negativas, assumem força material no jogo especulativo.

A América Latina foi assim vítima privilegiada dessas crises, que não por acaso atingiram justamente suas três economias mais fortes, que haviam sido exibidas como modelares - a mexicana, a brasileira e a argentina. Nos três casos a crise assumiu a forma de ataque especulativo, de crise financeira, que se alastra para o conjunto da economia. Os capitais especulativos se valem do peso desestabilizador que tem na economia, para fazer valer essa posição, pressionando com uma saída brusca e maciça de capitais, ações governamentais ou simplesmente o jogo do mercado, lucrando enormemente com essas operações.

As crises anteriores tinham como cenários países da periferia, com efeitos que intensificaram a tendência ao enfraquecimento dos paises globalizados e a intensificação da concentração de renda e de poder dos países globalizadores. Mesmo a crise na Rússia poderia ser caracdterizada como a de uma economia tornada periférica, especialmente em meados da década de 1990. A exceção foi a ataque do megaespeculador Georges Soros à libra esterlina inglesa, mas acabou sendo um caso pontual, que não altera a regra general de ocorrência das crises nas periferias.

No seu conjunto, como crises neoliberais, provocaram demandas de remédios neoliberais: mais abertura das economias - como passou fortemente nos países do sudeste asiático -, maior empréstimos do FMI e as correspondentes Cartas de intenção, com aumento dos ajustes fiscais.

A economia mexicana recebeu um empréstimo gigante dos Estados Unidos no momento da crise de 1994, inclusive porque se dava no próprio momento em que se assinava o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e do surgimento da rebelião dos zapatistas em Chiapas.

Como compromisso, o México usou esses recursos para pagar os empréstimos dos bancos norte-americanos e seguiu aprofundando o modelo neoliberal.

O governo brasileiro de FHC, frente à crise de 1999, elevou a taxa de juros a 49% e assinou a terceira Carta de intenções com o FMI, cujas conseqüências estenderam a recessão por vários anos. Na Argentina, a crise de explosão do modelo de paridade do peso com o dólar, produziu a maior regressão econômica e social que o país conheceu em toda a sua história. O governo de Fernando de la Rua tentou manter o modelo herdado de Carlos Menem e com isso caiu com poços meses do seu mandato presidencial.

A crise atual e suas conseqüências

A crise anterior da economia norte-americano se deu em 2000, quando se desvanecia a ilusão de que a "nova economia" permitiria que o capitalismo não sofresse mais suas crises cíclicas, seja porque a informática permitira prevê-las e permitir que foram evitadas, seja porque novas demandas, como as de computadores, gerariam, da mesma forma que no caso dos automóveis, o lançamento anual de novos modelos, que estenderiam cada vez mais a demanda. Naquele momento, o papel do mercado norte-americano no mundo seguia sendo determinante no mundo, transferindo os efeitos da sua recessão para o resto da economia mundial.

Desta vez a crise norte-americana se dá em um cenário internacional modificado. A continua expansão de países emergentes - entre eles, sobretudo, a China e a Índia, mas também países latino-americanos, que mantêm ritmos constantes de crescimento, entre os quais particularmente o Brasil e a Argentina - amortece a diminuição da demanda dos EUA e, pela primeira vez, a recessão da economia norte-americana não tem efeitos diretos e devastadores sobre a economia mundial.

Porém, como essa crise se vê agravada com o aumento dos preços dos produtos agrícolas e a continuada crise do petróleo, constituindo-se, na verdade em um triple crise, seus efeitos são mais profundos e extensos do que apenas uma crise cíclica da economia norte-americana. São afetadas então não apenas as exportações para os Estados Unidos, mas também os importadores de energia e de produtos agrícolas, lista que, em uma ou outra proporção, afeta a todos os países do mundo.

No entanto, como todo fenômeno de um sistema marcado pela extrema desigualdade de riqueza e de poder entre regiões e países e dentro de cada país, os efeitos das crises não são igualmente repartidos entre todos. Há ganhadores e perdedores, algozes e vítimas.

Como a crise está em pleno desenvolvimento, seus alcances não podem ainda ser julgados em toda sua plenitude e se dão pugnas para ver quem consegue extrair vantagens, quem trata de perder menos, ainda não é possível saber com precisão os danos em toda sua extensão e quem arcará com eles. É certo que o mundo sairá modificado desta crise até mesmo porque toca em três pontos nodais das relações econômicas e de poder atuais: dinheiro, energia e comida. No entanto, as estruturas de poder, de produção e de distribuição de riqueza reinantes, garantem resultados absolutamente diferenciados para distintas regiões e países como efeito das crises.

Na combinação entre aumento dos preços do petróleo, dos produtos agrícolas e diminuição da demanda dos EUA e da Europa, os países mais pobres, que somam a grande maioria da África, da Ásia e da América Latina, perderão claramente, com fortes pressões recessivas, déficit na balança comercial e aumento do endividamento. Os países exportadores de petróleo e de produtos agrícolas com altas mais significativas, terão suas situações minoradas, mas as pressões inflacionárias não poupam a nenhum país e, com elas, as políticas recessivas voltam a ganhar peso.

Para a América Latina, os efeitos são mais pesados e diretos para os países que seguem dependendo mais fortemente do comércio com os Estados Unidos, o México, a América Central e o Caribe, em primeiro lugar. Em segundo lugar, os países com pautas exportadoras menos valorizadas ou aqueles que tiveram seu ciclo de expansão econômica excessivamente voltada para as exportações, em particular as economias mais abertas, entre elas as que têm tratados de livre comércio com os Estados Unidos, como o Chile, o Peru, além dos já mencionados México, Costa Rica e outros países centro-americanos e caribenhos. Relativamente menos afetados devem ser os países com pautas exportadoras mais diversificadas - seja nos produtos, seja nos mercados -, como o Brasil, em parte a Argentina, e os que participam dos processos de integração regional - seja o Mercosul, seja a Alba. Para estes, as crises são uma oportunidade especial para acelerar e intensificar os processos de integração, de comércio, assim como nos planos financeiro e energético.

Seja pela combinação das crises, seja porque afeta profundamente os Estados Unidos, no momento em que, pela primeira vez, seu peso na economia mundial decresce, o mundo e a América Latina em particular, terão fisionomias distintas, seja acelerando transformações já em andamento, seja dando inicio a novas dinâmicas, passadas as crises - cujas durações e profundidades, ainda não podem ser medidas com toda precisão.
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* Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj

Fonte: ADITAL - Agência de Informação Frei Tito para a América Latina - www.adital.com.br

5 de out. de 2008

JAIRO JORGE está no segundo turno!


Meus parabéns ao Jairo e a todos que participaram deste grande resultado! Agora é recuperar as energias, redobrar o esforço e conquistar uma vitória histórica em Canoas!

Os resultados em Canoas - RS:

Número de Eleitores: 238.222
Número de Seções: 659
Última contagem: 19:23
Votos apurados até o momento: 238.222 (100%)
Votos brancos: 13.249 (6,43%)
Votos nulos: 11.762 (5,7%)
Abstenções: 32.042 (13,45%)

CANDIDATO VOTOS %
JAIRO JORGE - 13 - PT - 84.268 - 46,51% (*)
JURANDIR MARQUES MACIEL - 14 - PTB - 67.867 - 37,46% (*)
NEDY DE VARGAS MARQUES - 15 - PMDB - 27.195 - 15,01%
PAULO SERGIO DA SILVA - 50 - PSOL - 1.839 - 1,02%
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* Segundo turno

RIO DE JANEIRO - RJ

CANDIDATO VOTOS %
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EDUARDO PAES -15 - PMDB - 1.048.774 - 31,98 % (*)
GABEIRA - 14 - PV - 839.829 - 25,61 % (*)
CRIVELLA - 10 - PRB - 625.045 - 19,06 %
JANDIRA - 65 - PC do B - 320.962 - 9,79 %
MOLON - 13 - PT - 162.926 - 4,97 %
____________________________________________________

(*) Segundo turno
Valeu Vinícius, foram 8.017 votos. Faltou pouco, não desista!

NOVA IGUAÇU - RJ

Eleito no primeiro turno:

CANDIDATO VOTOS %
_________________________________________________

Lindbergh Farias - 13 - PT - 263.292 - 65,35%
_________________________________________________

CARLOS FERREIRA - FERREIRINHA - 13620 - PT - 3.476 votos

PORTO ALEGRE - RS

Seguem para o segundo turno:

JOSÉ FOGAÇA - 15 - PMDB - 43,85%
MARIA DO ROSÁRIO - 13 - PT - 22,73 %

CURITIBA - PR

Em Curitiba Beto Richa (PSDB) ganhou no primeiro turno com 77,27% dos votos. Gleisi (PT) ficou em segundo lugar com 18,17 % dos votos.

Quero parabenizar a companheira Marisa Stédile pela bravura neste pleito. Os 2.645 votos não foram suficientes para a sua eleição. Não foi uma derrota, apenas uma batalha perdida.

O PT com certeza deverá avaliar sua performance na cidade. Curitiba me pareceu muito conservadora.

VEREADORES
.
NOVA IGUAÇU - RJ

CARLOS FERREIRA - FERREIRINHA - 13620 - PT - 3.476 votos - ELEITO

Meus parabéns ao Ferreirinha!

RIO DE JANEIRO - RJ

VINICIUS ASSUMPÇÃO - 13013 - PT - 8.017 votos

CURITIBA - PR

MARISA - 13121 - PT - 2.645 votos

CANOAS - RS


NELSINHO METALÚRGICO - 13630 - PT - 4.004 votos - ELEITO
EMILIO NETO - 13613 - PT - 2.628 votos - ELEITO
IVO FIOROTTI - 13114 - PT - 2.427 votos - ELEITO

Boa surpresa nesta eleição: CEBOLA - 13190 - PT - 1.748 votos


HENRIQUE MARTINS DE FREITAS - 12001 - PDT - 176 votos

Amigo, não desista. Admiro a tua ousadia em levar para o debate político a pauta cultural.

ESTEIO - RS

PREFEITO ELEITO

GILMAR ANTONIO RINALDI (PT / PMDB / PDT / PTB / PRB) 22610 votos - 46,92%


CANDIDATURAS HUMANISTAS

O PH ainda está em processo de legalização, mas já tem muito o que comemorar nessas eleições!

Em todo o Brasil, 1.187 pessoas votaram nos candidatos do Partido Humanista, que concorreu às eleições de São Paulo, Rio de Janeiro e Nova Iguaçu em filiação democrática ao PCB. Além disso, quase 7.000 pessoas votaram nas candidatas a vice-prefeita humanistas Fernanda Mendes (SP) e Alice Medina (RJ).

Parabéns a todos os candidatos e a todos os apoiadores que permitiram que essa vitória fosse possível! Mas isso é só o começo. Mais importante do que os votos, o que esses números representam é que existe muita gente que acredita nas propostas do PH e está disposta a trabalhar para colocá-las em prática.

Confira com detalhes as votações dos candidatos humanistas:

São Paulo

Edmilson Prefeito – Fernanda Mendes Vice: 4.300
Prof. Régis: 267

Rio de Janeiro
Eduardo Serra Prefeito – Alice Medina Vice: 2.663
Cláudio Lopes: 221
Jacqueline Melo: 92
Sabine Mendes: 136
Vinicius Pereira: 369


Total Vereadores RJ: 818

Nova Iguaçu

Laiza Vieira: 102

Informou: Priscilla Lhacer, Partido Humanista (em processo de legalização), SP.

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Fonte: TSE

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Até o segundo turno!

29 de set. de 2008

2 de outubro - Dia Internacional da Não_Violência


Convido todos os amigos a participarem deste ato, por um mundo com paz e sem violência.
Concentração: Praça Santos Andrade, Curitiba, PR.
Data: 02 de outubro de 2008
Horário: 14 horas